domingo, 13 de março de 2011

Um pedacinho da Europa no Brasil

Hallo Leute! (Google Tradutor, 2011)
Oktoberfest
       Há pouco li a reportagem " Blumenau, Nauemblu: uma breve tese sobre a poética em Blumenau", uma excelente crítica a respeito da poesia blumenauense e porque não, da cultura desta cidade, escrita por Marcelo Labes e publicada no jornal Expressão Universitária. No artigo Marcelo, embasado em José Endoença Martins, afirma que a poesia de nossa cidade pode ser dividida em duas vertentes: a Blumenalva e a Nauemblu (termo extraído de poema de Dennis Radünz). 
      A primeira caracteriza-se por enaltecer Blumenau e permanecer no mundo do sonho, a segunda distingue-se por chamar a atenção para o mundo real, como exemplos Labes tomou dois autores Lindolf Bell e José Endoença Martins.
     No corpo do texto encontramos dois trechos que deixam bem claras as características dos autores:


"Se me quereis longe da paixão:
tirai o cavalo da chuva
Pois menor que meu sonho
Não posso ser"
Lindolf Bell, "Poema do Andarilho" em " O Código das Águas"

"Nesta cidade 
de vampiros
um espirro
é mais que um susto.
Acorda-se 
sobresssaltado
dorme-se 
com muito custo"
José Endoança Martins em "Poelítica"

       Brilhantemente o autor conclui o texto da seguinte forma:
" Parece-me que 'numa cidade de ritos combalidos', onde aspessoas têm os 'olhos enxaimel' (Endoença), acordar de fato para uma realidade dolorida e penosa _ que, afinal, é a realidade da realidade dos fatos_ é, pelo menos, uma tentativa de crime contra o sonho. O sonho que, por aqui, é uma das únicas saídas ainda, deve ser preservado antes de tudo, através principalmente de sua arte inerte, de suas discussões inexistentes e de sua poesia sonâmbula, que escreve dormindo e não pode ser acordada."

       Não é à toa que Dennis Radünz, José E. Martins e Marcelo Labes não são ovacionados pela mídia local nem pelos espaços públicos, Blumenau prefere viver no Mundo de Lindolf Bell, um mundo perfeito de sonhos, talvez, nunca realizáveis, forjando verdades e ignorando a realidade. Fomos ensinados a isso, quem nunca ouviu os títulos de "Pedacinho da Europa", "Alemanha Tropical" e "Vale Europeu" dados, por nós, a nossa cidade. Como disse Marcelo "Nossos cidadãos tem de conviver com o trauma de não viver na Europa" e sim em um país, em uma cidade, de Terceiro Mundo onde as pessoas se amontoam em favelas,a educação e a saúde são precárias....
Condições precárias da Pedro Krauss
       Mas ninguém percebe pois vive-se NO sonho de ser a "Alemanha Européia".
       Nos rodeamos de mentiras para viver esta fantasia, o melhor exemplo é o MITO FUNDADOR (SILVA, 2008), pois a realidade é bem diferente.
        Em 1850 quando o "bondoso" Dr. Blumenau chegou aqui já havia uma população consolidada provinda do Rio Garcia da cidade de Camboriú e por isto o bairro recebeu este nome,(AHIMED, 2007) portanto ele e os 17 imigrantes não foram os primeiros a aportar por aqui, mesmo porque os índios já estavam presentes muito antes dos europeu conquistarem este território. O nosso "herói" viu em nosso país uma boa oportunidade de ganhar dinheiro, apresentou ao império um projeto de colonização e cobrou dos imigrantes para trazê-los até aqui e trabalhar para ele, pois a colônia era uma empresa de Hermann Bruno Otto von Blumenau, esta não vingou e foi vendida para o governo(BRASIL, 2009). Aproximadamente 25 anos depois vieram o Italianos (FRAGA,2010) (tanto os alemães como os italianos procuravam condições melhores de vida, visto que, seus países estavam lutando por sua unificação, o conhecido Giuseppe Garibaldi lutou pela unificação da Itália), os poloneses também desembarcaram por aqui. Após várias imigrações européias, a dizimação dos indígenas e muitos anos passados, começaram (+- 1970) as imigrações de brasileiros que continuam até hoje.
      Agora pergunto-lhes onde está a cultura preservada desses povos que formam nossa cidade hoje? Onde está a "Vila Italiana"? A "Polonesofest"? Porque o ensino de Xokleng não é uma opção nas escolas públicas? Cadê a mostras de "cultura brasileira" de nossa cidade? Onde escoderam a cultura negra? Simplesmente não "existem", porque decidiram que Blumenau deve ser uma cidade Pseudo-Germânica, com uma Pseudo-Cultura.
       Não estou defendendo o extermínio da cultura alemã, mas sim a caracterização real de nossa cidade com o apoio público para a expressão de todas as formas de cultura, pois, se um povo sem cultura é um povo sem identidade, sem auto-estima, no que se torna um povo com uma cultura enfiada esôfago abaixo?

Abraços e bom fim de semana.


REFERÊNCIAS

AHIMED - http://www.furb.br/gphavi/tcc/TCCSiyyidKazim.pdf

 BRASIL - http://www.iica.int/Esp/regiones/sur/brasil/Lists/Publicacoes/Attachments/63/Diversidade%20do%20campesinado%20vol1%20NEAD.pdf#page=276 

EXPRESSÃO UNIVERSITÁRIA, Número 18. Ano3. Mar. 2011.

FRAGA - http://www.circolotrentino.com.br/site/downloads/arquivos/artigo_rixas_italianos_alemaes.pdf


Google Tradutor - http://translate.google.com.br/#pt|de|ol%C3%A1%20gente

SILVA - http://proxy.furb.br/ojs/index.php/linguagens/article/view/1160/922

SUGESTÕES DE LEITURA
http://www.revistapersona.com.ar/Persona65/65Flammariom.htm
http://www.poetasnosingular.com.br/page_poeta_dennis.html
http://www.bc.furb.br/sarauEletronico/index.php?option=com_content&task=view&id=15&Itemid=33
http://proxy.furb.br/tede/tde_arquivos/3/TDE-2009-02-18T080906Z-442/Publico/Diss%20Catia%20Dagnoni.pdf



2 comentários:

  1. Relmente, a realidade não é vivida em sonho. Blumenau tem um desejo platônico de ser numa cidade européia, mas convenhamos, estamos longe de possuir infreaestrutura e base para tanto.
    Falaste do ensino de outras linguas em escolas públicas, ai questiono: Como uma cidade de costumes e ideais exrtangeiros não ensina a própria lingua que diz ser sua origem?
    Entramos em varias divergencias em vários sentidos: educação, cultura, costumes, política.
    Mas enquanto ninguém acorda desse sonho, vamos vivendo o velho estilo enxaimelado de nossa cidade e reverenciando uma coisa que não nos pertence.

    Parabéns Marcos, ótimo texto!!!

    ResponderExcluir
  2. Se fosse eu a escrever uma coisa dessas era tachada de imigrante porto alegrense mau agradecida, né?
    Mas faço tuas as minhas palavras.

    Além do que essa situação de querer formatar a todas as pessoas com o mesmo tipo de cultura é estéril.
    Como disse Nietzsche (alemão sim, mas crítico severo da sua própria nação!),em seu famoso Humano Demasiado Humano:
    "A opinião coletiva é a preguiça privada" ou mesmo para citar o popular Confúcio "a unanimidade é burra".
    Torço pela pluraridade.

    ResponderExcluir